segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O luto

O que é o luto a não ser a certeza de que poderíamos ter feito mais. Mesmo quando somos prestativos, quando somos queridos, mesmo quando somos esperados e desejados. Nós sabemos que apesar de todos os esforços, de todos os feitos, poderiam ter sido mais. O luto machuca porque sabemos que algum dia deixamos de aproveitar um momento simples ao lado da pessoa que não está mais conosco, que dez minutos que deixássemos a preguiça, a preferência, a pouca vontade, poderíamos ter feito mais. Estou de luto, estou de luto por saber que conheci uma pessoa fantástica, que se tornou querida e me fez sentir querida. Que esteve sempre preocupada, mesmo que não me vendo todos os dias, mesmo que não estando comigo por muito tempo. Estou de luto por alguém que completava muitas vidas, inclusive a minha. Alguém que só de dizer oi ou dar um abraço podia mostrar quão boa era. Estou de luto por saber que nunca mais irei escutar as palavras carinhosas e delicadas de uma mulher que carregava o mundo nas costas pra que outras pessoas pudessem ser felizes. Não era meu sangue, mas posso dizer que já fazia parte da minha alma, da minha essência. Dói. Dói a perda e dói ver as pessoas que  ela deixou pra trás, mesmo sem querer. Dói ver e sentir a dor junto com essas pessoas que também sentem esse luto de saber que podia mais. Dói. Mas que todos saibam que mesmo que pudesse ter aproveitado mais, vivido mais ao lado dela e sentido mais esse seu amor incondicional por tudo o que é vivo, não há arrependimentos dos que pude estar com ela. Dos momentos que pude parar e ouvir suas histórias, dos momentos que pude sentar e ver como ela cuidava de tudo, desde seu jardim, até das pessoas que não faziam parte do seu laço familiar. Sou feliz por ter conhecido uma pessoa fantástica, uma mulher  maravilhosa, uma mãe, uma avó, uma pessoa que, por mais comum e pecadora, como qualquer outra,  que fosse, ela era especial. Ela era essencial. Vai fazer falta. Já está fazendo.

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