quarta-feira, 24 de julho de 2013

Crise dos vinte

Foi andando sem rumo que eu achei o caminho, mesmo esse caminho, ainda, não sendo o que pretendo seguir até o fim da vida. Por que é tão difícil escolher algo pra se fazer? Escolher algo pra ser bom, a vida inteira. Algo que te complete e te faça mais feliz, algo que te faça sorrir, só de pensar e não é de amor que eu estou falando. Fico impressionada com pessoas certas de si, que têm certeza sobre os passos que dará. Que pensam em suas vidas no futuro, suas casas, suas famílias, até seus animais de estimação. Fico de cara com quem sabia, desde o jardim da infância, o que iria fazer até o dia que morresse. Fico pensando como? Quando? Onde e por que essa pessoa conseguiu escolher alguma coisa, entre tantas, tantas mil, para fazer? Meu problema não é pensar que essas pessoas estão certas de si, acho que meu problema é pensar que, durante meus vinte e três anos e sete meses, eu não tenho ideia do que fazer com os meus futuros dias. Foram vinte e três anos e sete meses de muitos tropeções, tombos, erros, reerguidas, tombos duas vezes piores, entre mil coisas que, normalmente, são piores, que melhores. Vinte e poucos anos tentando encontrar alguma coisa que me fizesse completa, profissionalmente falando. Afinal, amores vão e vem, amigos vão e vem, até em sua família você pode se dar ao luxo de fazer certas escolhas, mas profissão... Sina... Vocação... O que é isso, afinal? Passar horas em um escritório. Não. Ficar dias viajando e vendendo alguma coisa diferente. Não. Participar de mil reuniões chatíssimas e importantíssimas. Não. Cada dia que paro pra pensar nas inúmeras coisas que somos capazes de fazer, para o resto de nossas vidas, mais penso que eu sou a pessoa mais indecisa do mundo. Já era para coisas comuns, como a menina do comercial do Spoletto, mas nunca pensei que fosse me dar tanto trabalho para encontrar um futuro. Eu pensava que esse tal futuro te batesse na cara, sabe? Como jornal ao vento, voando até bater nas nossas fuças e nos dizer "siga aqui". Tenho uma caixinha de sonhos, é um potinho de vidro, com tampa e transparente, onde coloco vários papéis com o nome das coisas que desejo fazer até o dia da minha morte e, cara, é muita coisa. Cada vez que eu escrevo num papel desses, eu me pergunto, por que, diabos, depois de vinte e poucos anos, eu ainda estou na adolescência.


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